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lunes, 17 de enero de 2011

Histórias da gente de ali


Fotografía: Plaza de toros en Monsaraz (Portugal), por José Rico Barceló

Texto: Rui Manuel Aragonez Marques

AS FERRAS
(fragmento)

Catorze? Quinze? Dezasseis anos? Foi por essa altura que decorriam “as ferras” de que vos falo.

Pediu-me a Noudar que escrevesse algo. Touros, o tema, ou Toiros, talvez na o saibam que se pode dizer de ambas as maneiras. Touros, mais campestre, mais rural, mais Alentejo, mais sol de praça, Toiros, mais cidade, mais finura, mais português de academia se academia houvesse, mais lugares à sombra.

Lembro-me, de cima deste meio século que tenho, de um barraca o, onde se guardavam as alfaias agricolas, que nesse dia, o dia da “ferra”, se transformava em grande sala o de comidas e bebidas. Uma grande mesa ao meio, muitos cavaletes a sustê-la. Toalhas grandes, de pano, algumas bordadas, sobrepostas nas pontas, esticadas, muitas, cobriam o tampo da enorme mesa e as patas dos cavaletes. Sobre elas, uma imensidade de pratos e iguarias. Nada de garfo e faca nesse dia, à ma o, navalhas abertas e cortantes.Um exagero de comida que definia, às vezes por presunça o, o lavrador que na o lavrava, o dono da terra, do barraca o, das alfaias, dos cavaletes, das toalhas, dos pratos, das iguarias e dos toiros. Toiros. Que quem os cuidava chamava Touros.

Eram gentes de sol.

Por essa altura, teria o meu pai, que nos deixou há três meses para sempre e cujo luto ainda na o tive tempo de fazer, pouco menos do que a idade que tenho hoje, e era pela sua ma o, pois trabalhava nas veterinárias, que eu tinha contacto com esse dia, o dia da “ferra”.

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